Autor: Teodorio Arão Santos de Oliveira
Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico
A barra antipânico é um dispositivo mecânico instalado em porta corta-fogo, acionado mediante pressão exercida em uma barra horizontal no sentido de abertura desta, utilizado para evasão de pessoas em situações de pânico ou outras emergências. Esse dispositivo é composto dos seguintes itens: barra acionadora, cremona e mecanismo de travamento, conforme visto na Figura 1.a e 1.b.
Figura 1 – Barra antipânico: barra acionadora e cremona (a) e mecanismo de travamento (b)/
Fonte: DKS
Os itens da barra antipânico estão descritos na Tabela 01:
As barras antipânico são classificadas quanto à forma de acionamento, quanto à disposição do travamento e quanto à aplicação e/ou utilização. De acordo com a Tabela 02, o acionamento pode ser horizontal ou radial. Já quanto ao travamento da barra antipânico, podem ser horizontal, vertical ou ambos, conforme visto na Tabela 03. Quanto à aplicação e/ou utilização as barras antipânico são definidas quanto a característica ou não do fogo, bem como a elevada frequência de uso das portas de saídas de emergência, e definidas através das classes (C, F e H), conforme Tabela 04.
Para especificar a barra antipânico correta, é importante conhecer os detalhes técnicos de sua aplicação. É necessário identificar os principais requerimentos, facilitando a especificação do produto ideal para cada situação:
1. Aplicação: Porta corta-fogo ou não?
A especificação se a porta é corta-fogo ou não (conforme visto na Figura 1) deve ser feita por um especialista da área (ex.: consultor de segurança contra incêndio) e deve constar na planta do projeto. Se a porta for uma porta corta-fogo, a escolha do produto ficará limitada a produtos certificados para essa aplicação.
Figura 1 – Aplicação da porta: Porta corta-fogo (a) e porta comum para saída de emergência (b)/Fonte: Assa Abloy
2. Definição da Folha: Simples ou dupla?
Para garantir o correto funcionamento da barra em portas duplas, é recomendado o uso de um selecionador de porta. A largura da saída de emergência varia de acordo com a densidade de pessoas dentro do meio ambiente, sendo que algumas aplicações necessitam de portas de folha simples (Figura 2.a) ou dupla (Figura 2.b).
Figura 2 – Tipo de folha: simples (a) e dupla (b)/Fonte: Assa Abloy
O selecionador é um dispositivo utilizado para garantir o fechamento correto de cada uma das folhas da porta, conforme visto na Figura 3. Esse dispositivo é utilizado em portas duplas.
3. Configuração de Porta: Com ou sem sobreposição de folhas?
A configuração da porta pode ser com sobreposição de folhas (Figura 4.a) ou sem sobreposição de folhas (Figura 4.b).
Figura 4 – Configuração da porta: com sobreposição (a) e sem sobreposição (b) de folhas/Fonte: Assa Abloy
Quando a instalação da barra for em porta dupla, a configuração da porta pode limitar a forma de instalação da barra antipânico e sua quantidade de pontos de travamento. As portas com e sem sobreposição de folhas leva em consideração a quantidades de pontos de travamento que pode ser de 3, 4 e 5, conforme visto na Tabela 05.
4. Qual o tipo de acionamento externo necessário?
Existem quatro tipos básicos de acionamento externo da barra antipânico definido da seguinte forma: Aplicação sem espelho (S) – Figura 5.a; espelho com maçaneta (M) – Figura 5.b; espelho com maçaneta e cilindro (M/C) – Figura 5.c; espelho com puxador e cilindro (P/C) – Figura 5.d. Alguns deles permitem o livre acesso pelo lado externo da porta, enquanto outros permitem o acesso externo sem impedir o funcionamento da barra, garantindo um alto nível de segurança.
Figura 5 – Acionadores externos: tipo S (a), tipo M (b), tipo M/C (c) e tipo P/C (d)/Fonte: ASSA ABLOY
5. Qual é o nível de resistência a corrosão?
A escolha de um acabamento de maior resistência à corrosão vai implicar diretamente na durabilidade e na estética do produto, ao longo da sua vida útil. O grau de resistência define a fechadura ideal para o ambiente onde será realizada a instalação, conforme visto na Figura 6.
6. Qual é a frequência de uso?
As normas da ABNT e internacionais classificam os dispositivos antipânico de maneira diferente em relação ao tráfego e ao número de ciclos que o produto deve ser testado. A NBR 11785, por exemplo, requer um mínimo de 100.000 ciclos, enquanto a norma AENOR RP047 possui 4 graus de classificação, exigindo desde 200.000 ciclos até 2.000.000 de ciclos. Considerando que as rotas de fuga não são utilizadas apenas em caso de emergência, o número de ciclos dos dispositivos antipânico são definidos de acordo com as normas da ABNT e internacionais para cada tipo de rota de fuga, conforme visto na Figura 7.
7. Qual é a classe necessária de resistência ao fogo?
Os conjuntos corta-fogo fabricados no Brasil são classificados de acordo com a ABNT NBR 11742. As barras antipânico certificadas para uso em portas corta-fogo são classificadas de acordo com o tempo de resistência do fogo, conforme visto na Figura 8.
As barras antipânico, atendendo à ABNT NBR 11785, devem ser instaladas nas portas corta-fogo de saídas de emergência, em locais de reunião de público, como teatros, restaurantes, museus, igrejas, boates, casas de shows, em hospitais e assemelhados, em centros comerciais, em ambientes de grande concentração de pessoas nas portas corta-fogo que dão a saída a mais que 100 pessoas e nas portas corta-fogo das escadas que dão acesso à descarga
As barras antipânico devem ser empregadas de acordo com a sua classificação (ver Tabela 02, Tabela 03 e Tabela 04) e devem ser instaladas em porta de saídas de emergência, no sentido de fuga (evasão). Além disso, não podem ser utilizados cadeados, correntes ou outros tipos de travamento do acionamento da barra antipânico que dificultem ou inviabilizem a abertura da porta de saída de emergência.
Quando for necessário resguardar a segurança patrimonial, admite-se a instalação de sistema de retenção (eletromecânico ou eletromagnético) de porta de saída de emergência no sentido de evasão, desde que os seguintes requisitos sejam simultaneamente atendidos:
- a edificação deve possuir sistema de alarme de incêndio, conforme a ABNT NBR 17240 em funcionamento; e
- o acionamento da barra antipânico deve liberar, de forma irreversível, a abertura da porta no sentido de evasão, por meio de um microinterruptor (micro switch) contido na porta, em no máximo 15s do acionamento da barra.
Portanto, a liberação do dispositivo de retenção deve, adicionalmente, ocorrer de forma automática pelo acionamento do sistema de alarme de incêndio. Além disso, a utilização desse dispositivo deve estar adequadamente justificada no plano de abandono proposto para a edificação, comprovadamente funcional e compatível com os tempos de abandono necessários à segurança dos ocupantes, em função do risco verificado.
Todo dispositivo de travamento ou retenção de uma porta de saída de emergência deve ser instalado no modo de falha de segura, ou seja, no caso de falha deste dispositivo, de seu sistema de alimentação elétrica ou ainda de seu sistema de liberação, o travamento ou retenção da porta associada a este deve ser automática e imediatamente liberado.
Para o tempo de acionamento da barra antipânico com o recolhimento do(s) trinco(s) e a efetiva liberação de abertura da porta de saída de emergência for superior a 2s (tempo máximo de 15s no caso acima) deve-se aplicar sinalização indicativa do retardo de abertura (temporização), de acordo com a ABNT NBR 16820, conforme visto na Figura 9.
A barra antipânico deve ser instalada conforme as instruções do manual técnico de instalação e manutenção. A instalação somente deve ser efetuada com parafusos, acessórios e acabamentos especificados pelo fabricante do dispositivo antipânico.
O eixo longitudinal da barra acionadora deve ser posicionado entre 0,90m e 1,10m acima do piso acabado, conforme visto na Figura 10.
As instruções de operação para acionamento da barra antipânico devem ser sinalizadas com placas do tipo orientação e salvamento, conforme disposto na ABNT NBR 16820. A sinalização deve ser localizada a 1,50 m do piso acabado, fixadas à porta, consistindo em uma placa com dimensões mínimas de 200 mm x 100 mm, de acordo com a Figura 11.
A manutenção das barras antipânico deve ser feita com periodicidade mensal, conforme descrito na Tabela 06.
Devem ser fornecidas instruções claras no manual de instalação e manutenção, sobre a frequência e procedimentos para lubrificação da barra antipânico, bem como sobre a especificação do lubrificante a ser utilizado. A frequência de lubrificação deve ser definida de forma compatível com a agressividade do meio e a frequência de uso.
O proprietário da edificação, ou preposto legalmente nomeado para tanto, pode dispor de uma estrutura própria para realizações das manutenções relativas à lubrificação.
Nos casos onde haja necessidade de substituição de componentes, os serviços de manutenção somente podem ser executados pelo fabricante do equipamento ou por firmas por ele credenciadas, utilizando somente peças originais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 6479: Portas e vedadores – Determinação da resistência ao fogo, 1992.
___NBR 11742: Porta corta-fogo para saída de emergência, 2018.
___ NBR 11785: Barra antipânico – Requisitos, 2018.
___ NBR 16820: Sistemas de sinalização de emergência – Projeto, requisitos e método de ensaios, 2020, Versão Corrigida 2: 2021.
AENOR, Spanish Association for Standardization and Certification, AENOR RP 047 – Dispositivos antipânico.
ANSI, American National Standards, e BHMA, Builders Hardware Manufacturers Association, ANSI/BHMA A156.3 – Exit devices.
ASSA ABLOY. Catálogo de Produtos – Barra Antipânico e Molas.
DKS. Barra antipânico Push Simples e Dupla vertical, Youtube.
EN, European Stantards. EN 1154 – Controlled Door Closing Devices.
SÃO PAULO, Corpo de Bombeiros, Instrução Técnica nº 19: Saídas de emergência, 2019.
UL, Underwrites Laboratories, UL 305 – Panic Hardware.