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Escadas de emergência e rampas

ESCADAS DE EMERGÊNCIA

 

 

Autor: Teodorio Arão Santos de Oliveira

Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico

Telefone: (71) 99237-2739

 

A escada de emergência é o principal elemento de deslocamento da edificação no momento da necessidade de sua evacuação. Assim, as normas indicam o tipo de escada a ser implantada na edificação em função da classificação da edificação e sua altura em relação ao pavimento de acesso ao logradouro.

 

Por serem rotas de fuga em momentos de escape, as escadas precisam ser construídas em material estrutural e de compartimentação incombustível, para que seja assegurada a integridade da população. E, ainda, precisam ser dotadas de corrimãos para auxiliar o deslocamento, de guarda corpo em áreas abertas ao exterior, e devem se comunicar com todos os pavimentos e com o pavimento de descarga. A largura destas deve ser dimensionada de maneira a atender a população prevista para a edificação, considerando a classificação desta.

 

As escadas podem ser do tipo:

  1. não enclausurada ou escadas comuns;
  2. enclausurada e protegida; e
  3. escadas à prova de fumaça.

 

As escadas à prova de fumaça podem ser construídas com antecâmara e podem também contar com pressurização (pode ser pressurizada).

 

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A quantidade de escadas a serem inseridas na edificação depende da distância máxima a percorrer no pavimento, da classificação e da altura da edificação.

 

Escadas comuns são aquelas que obedecem aos quesitos mínimos de segurança da população, com dimensionamento correto dos degraus, garantia estrutural, acesso a todos os pavimentos e ao pavimento de descarga. Essas não são obrigatoriamente fechadas com alvenaria em toda a sua extensão.

 

Diferente das escadas comuns, as escadas enclausuradas protegidas (Figura 1) são fechadas em sua extensão por paredes resistentes ao fogo. Por serem fechadas, são exigidas aberturas para o espaço exterior em todos os pavimentos e janelas na parte inferior e superior para a renovação de ar no interior da escada. Esse tipo de escada ainda exige uma área para a permanência de pessoas com deficiência para proteção dessas até a chegada do socorro.

 

Figura 1 – Escada enclausurada protegida (EP)/

 

As escadas enclausuradas à prova de fumaça são semelhantes às escadas protegidas. O que diferencia é o ingresso por antecâmara ventilada, terraço ou balcão, como mostra a Figura 2. Esses elementos existem para garantir que a escada esteja protegida da entrada de fumaça, permitindo a evacuação segura da população. Terraço e balcão são considerados áreas dotadas de ventilação natural pelas quais a fumaça oriunda de um incêndio consegue sair. Já a antecâmara deve ser dotada de duto para ventilação por onde entra ar limpo vindo do exterior da edificação, e por onde sai à fumaça oriunda do interior do edifício em situação de incêndio.

 

Figura 2 – Escada enclausurada à prova de fumaça/Fonte: IT 11/2019 (São Paulo)

 

A escada à prova de fumaça pressurizada pode substituir a escada enclausurada à prova de fumaça e a escada protegida. Seu acesso acontece diretamente à caixa da escada. A pressurização da escada acontece por meio de um motoventilador, localizado no pavimento térreo, conforme visto na Figura 3, mas que pode ficar na área técnica do último pavimento em caso de edificações existentes que não possuam espaço no térreo para a sua instalação.

 

Figura 3 – Esquema vertical de uma escada pressurizada com ventilador no pavimento inferior/Fonte: Instituto Sprinklers

 

O motoventilador é responsável por distribuir ar limpo para o interior da escada, forçando a saída da fumaça que, porventura, tenha entrado na caixa da escada. Quando localizado no térreo, a sucção de ar limpo acontece de maneira natural, visto que a fumaça tende a subir, não chegando ao ventilador. Entretanto, quando localizado no pavimento de cobertura é necessário que a entrada de ar esteja protegida com auxílio de uma parede com altura variável de acordo com a distância desta parede até a casa do motoventilador. Essa parede cumpre a função de desviar a fumaça da entrada principal de ar a ser lançado no interior da escada.

 

O acionamento do motoventilador acontece com auxílio do sistema de detecção e alarme. De maneira oposta, um detector reverso deve ser instalado na casa do motoventilador para que o ventilador seja desligado em caso de presença de fumaça. Assim, a escada permanecerá com ar limpo em seu interior.

 

Com o intuito de garantir a presença de ar limpo no interior da escada, além do detector reverso, também devem ser instalados na entrada de ar do ventilador: uma veneziana e um filtro. A veneziana localiza-se na parede de contato com o exterior, e o filtro na parede seguinte, mais próxima ao ventilador, como na Figura 4, mas apenas paras os casos em que o ventilador estiver instalado no pavimento de cobertura.

 

Figura 4 – Casa do motoventilador em pavimento de cobertura/Fonte: Instituto Sprinklers

 

Dentro da casa do motoventilador, ou casa de máquinas de pressurização, o ar limpo encontrará o ventilador, que o bombeará ao interior da caixa de escadas, mantendo a pressão no interior da caixa entre 40 e 60 Pa com as portas corta-fogo de acesso fechadas. Para a escolha desse equipamento é necessário verificar o comprimento vertical do duto de ar no interior da caixa de escada, dimensionando, assim, a potência do ventilador. Também é necessário verificar a posição em que ele será instalado, bem como a posição de lançamento de ar na escada. Assim, a eficácia do equipamento é maximizada, pois as hélices do ventilador funcionarão em sentido direto àqueles que devem percorrer as escadas.

 

Dentro da caixa de escadas, o duto de ar poderá ser metálico ou em concreto (Figura 5). Dutos metálicos devem receber isolamento térmico para evitar que a temperatura interna a eles seja maior do que 140ºC. Já os dutos em concreto devem ter suas paredes com acabamento interno em argamassa para garantir uma superfície lisa e estanque, mas também podem ser revestidos com chapas metálicas ou outro elemento incombustível. O duto precisa ter área de seção de, no mínimo, 0,50 m², para que a passagem de ar seja suficiente para alimentar todos os pavimentos da escada.

 

A saída dos dutos ao interior da escada acontece por meio de grelhas (Figura 5). A dimensão da seção das grelhas é feita tendo como base as velocidades máximas recomendadas para estes equipamentos, que são de aproximadamente 3 m/s. Estas são projetadas de modo a ficarem em pavimentos intercalados, sendo obrigatoriedade a instalação no térreo e no último pavimento.

 

Figura 5 – Escada à prova de fumaça pressurizada/Fonte: Instituto Sprinklers

 

Para alívio de pressão no interior da escada são instalados dampers de sobrepressão que, assim como as grelhas, têm seção calculada com base nas velocidades máximas recomendadas, que, para estes, são de 5 m/s aproximadamente. Estes são construídos em material metálico e funcionam como venezianas que permanecem fechadas, mas que se abrem quando estão sobrepressão. Diferente das venezianas, o tamanho da abertura do damper é controlado, sendo o máximo estabelecido e ajustado por um técnico que mede a pressão interior a caixa de escada no momento da aferição do funcionamento dos equipamentos da escada pressurizada. É necessária a instalação de um damper de sobrepressão no topo da caixa de escada (com saída para área externa ao prédio). Nas saídas dos ventiladores de pressurização usa-se o damper de descarga para se evitar o retorno do ar.

 

Quando a escada não possuir comunicação com área externa, o damper de sobrepressão pode ser substituído por um sensor de pressão (que em regra é instalado no meio da escada) ligado a um variador de frequência para controlar a rotação do motoventilador e, consequentemente, a vazão, mantendo a pressão interna entre 50 e 60 Pa.

 

Esse tipo de escada é passível de entrada de fumaça pela abertura das portas corta-fogo no momento da fuga e pelas frestas das portas quando estão fechadas. Entretanto, as escadas pressurizadas têm sido preferência em relação às outras, pois o seu acionamento é automático e seu funcionamento é mais eficaz para a segurança da população, uma vez que são reconhecidas as falhas na manutenção das portas corta-fogo de ingresso às escadas, o que permite a entrada de fumaça com facilidade.

 

As escadas e rampas devem ter as seguintes características:

 

  1. Serem construídas com materiais incombustíveis;
  2. As paredes e guardas devem ter acabamento liso;
  3. Os revestimentos devem ser com materiais incombustíveis ou classe II-A;
  4. Pisos antiderrapantes (coeficiente de atrito dinâmico mínimo de 0,5);
  5. Protegidas por guarda-corpo em seus lados abertos;
  6. Serem dotadas de corrimãos, em ambos os lados, com extremidades voltadas à parede ou, quando conjugados com o guarda-corpo, finalizar diretamente no piso;
  7. Permanecerem desobstruídas de móveis, lixeiras, vasos e outros objetos que prejudiquem a circulação;
  8. Ter largura mínima de duas unidades de passagem (1,10 m), sendo que alguns Estados da União exigem o mínimo de 1,20 m (São Paulo, por exemplo). Obs.: os valores acima são os mínimos, porém, a largura das saídas a ser adotada depende do cálculo de dimensionamento (lotação e percurso);
  9. Quando se desenvolver em lanços paralelos, deixar 10 cm entre lanços para permitir a instalação de guarda ou fixação de corrimão;
  10. Os degraus de escadas devem ter altura “h” compreendida entre “16 e 18 cm”, com tolerância de 5 mm. Devem ter comprimento “b” (pisada) entre “27 cm e 32 cm”, dimensionado pela fórmula de “Blondel”, conforme Equação 01:

 

 

  1. As escadas e rampas não podem diminuir sua largura no sentido de saída (respeitando sempre a largura e quantidade mínima conforme lotação e percurso);
  2. Ter, num mesmo lanço de escada, larguras e alturas dos degraus iguais e, em lanços sucessivos de uma mesma escada, diferenças entre alturas de degraus de, no máximo, 5 mm;
  3. Os lanços de uma escada deve ter, no mínimo, 3 degraus e, o lanço máximo, entre dois patamares consecutivos, não deve ultrapassar 3,70 m de altura;
  4. Deve haver patamares de descanso intermediários sempre que houver mudanças de direção ou quando a altura ultrapassar 3,70 m;
  5. Os patamares devem ter comprimento dado pela Equação 02:

 

Onde:

p = comprimento do patamar;

n = número inteiro (1, 2 ou 3);

b = comprimento da pisada dos degraus;

h = altura dos degraus.

 

Exemplo: escada com largura de 1,20m, degraus com “h” = 17 cm, “b” = 28 cm e “n” = 2

 

 

  1. Os patamares devem ter comprimento, no mínimo, igual à largura da escada ou rampa, quando houver mudança e direção desta, não se aplicando, neste caso, a fórmula anterior;
  2. A escada ou rampa deve ter descontinuidade no nível de descarga (térreo), quando houver lanço ascendente e descendente nesse pavimento, não podendo ter comunicação direta entre si, obrigando a saída do usuário para o hall ou saguão;
  3. As rampas devem ter declividade de até 10%, isto é, 1:10 (rampas internas e externas). Para acesso de cadeiras de rodas a inclinação ideal é de 8%;
  4. As rampas não podem terminar em degraus ou soleiras, devendo ser precedidas e sucedidas sempre por patamares planos. Pode suceder um lanço de escada no sentido descendente, mas nunca as preceder.

 

Os guarda-corpos e corrimãos são dispositivos de segurança aos usuários, visando primeiramente evitar quedas e facilitar o deslocamento ao longo das saídas. A construção desses elementos exige o cumprimento de normas para que estejam aptos a proteção da vida e para a adequada utilização.

 

A presença de guarda-corpo se faz necessário quando houver desnível maior que 19 cm em saídas.

 

O guarda-corpo deve ter uma altura mínima de 1,05 m (Figura 6) ao longo dos patamares, escadas, corredores, mezaninos e outros, podendo ser de 0,92 m em escadas internas (lateral não voltada para a fachada externa), medida essa da quina ou bocéis dos degraus até o topo da guarda;

 

Para escadas externas, o guarda corpo deve ter altura mínima de 1,30 m.

 

As guardas constituídas por balaustradas, grades, telas e assemelhados, isto é, as guardas vazadas devem:

 

  1. ter balaústres verticais, longarinas intermediárias, grades, telas, vidros de segurança laminados ou aramados e outros, de modo que uma esfera de 15 cm de diâmetro não possa passar por nenhuma abertura (Figura 6);
  2. ser isentas de aberturas, saliências, reentrâncias ou quaisquer elementos que possam enganchar em roupas.

 

Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados das escadas ou rampas, devendo estar situados entre 80 cm e 92 cm acima do nível do piso, conforme visto na Figura 6.

 

Figura 6 – Detalhes de guarda-corpos e corrimão de escadas/Fonte: ABNT NBR 9077 / Instituto Sprinklers

 

Em escolas, jardins-de-infância e assemelhados deve haver corrimãos nas alturas indicadas para os respectivos usuários, além do corrimão principal.

 

Os corrimãos devem estar afastados das paredes ou guardas às quais forem fixados para serem agarrados fácil e confortavelmente, permitindo um contínuo deslocamento ao longo de toda a sua extensão, sem interrupção. No caso de secção circular seu diâmetro varia entre 30 mm e 50 mm, conforme Figura 7.

 

Figura 7 – Afastamento em relação a parede ou guardas/Fonte: IT 11/2019

 

Os corrimãos e guardas devem ser construídos de material tal que resista a esforços específicos que serão desprendidos no momento da utilização destes.

 

Escadas com mais de 2,20 m de largura devem ter o corrimão intermediário, no máximo, a cada 1,80 m.

 

As extremidades dos corrimãos intermediários devem ser dotadas de balaústres ou outros dispositivos para evitar acidentes.

 

Escadas externas de caráter monumental podem, excepcionalmente, ter apenas dois corrimãos laterais, independente de sua largura, quando forem utilizadas por grandes multidões.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 9077: Saídas de emergências em edifícios. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.

SÃO PAULO, Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de. Instrução Técnica nº 11: Saídas de emergência, 2019.

SPRINKLERS, Instituto. Fundamentos de Segurança contra Incêndio em Edificações – Proteção Passiva e Ativa, Saídas de emergência, Adilson Antônio da Silva e Ludmila Campo Dall’Orto Corrêa, 83-99, São Paulo, 2019.

 

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