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ESGUICHO DE INCÊNDIO

Autor: Teodorio Arão Santos de Oliveira

Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico

 

Os esguichos de incêndio são equipamentos acoplados às mangueiras de incêndio, destinados ao lançamento de água, proporcionando forma e direção ao jato de água, e permitindo o combate adequado aos focos de incêndio. Eles podem ser classificados em reguláveis ou jato compacto.

Os esguichos reguláveis são dispositivos que permitem o controle de abertura e fechamento da passagem da água, além do tipo de jato que pode variar desde o jato compacto até a neblina de 30º, neblina de 60º (ou chuveiro) ou neblina de 90º (neblina total), conforme visto na Figura 1.a.

Já o esguicho de jato compacto, também conhecido como agulheta ou cônico é encontrado em diversas edificações existentes ou nas edificações novas, onde a legislação estadual (IT 22/2019 – São Paulo) permite seu emprego. Trata-se do modelo mais antigo de esguicho de combate a incêndio, constituindo-se praticamente de um tubo, possibilitando apenas jato cônico ou jato compacto ou ainda jato sólido. Portanto a sua utilização fica limitada a incêndios classe A, onde é necessário um jato com maior penetração, conforme Figura 1.b.

Figura 1 – Tipos de esguicho: regulável (a) e agulheta ou cônico (b)/Fonte: Google Images

 

A norma ABNT NBR 14870 classifica os esguichos reguláveis em: esguicho básico e esguicho automático.

No esguicho básico, a vazão de lançamento ocorre a uma pressão determinada pelo ajuste da forma de jato. Devido ao seu projeto básico, à medida que muda a forma de jato compacto à neblina, ocorre a mudança de vazão. A pressão de esguicho também pode ser afetada pela mudança da área de passagem, devido ao ajuste da forma de lançamento.

Já o esguicho automático é aquele que a pressão permanece constante em uma grande amplitude de vazões. A pressão constante proporciona uma velocidade adequada para um bom alcance em várias vazões. Isso é conseguido por meio de um orifício auto ajustável no difusor, a fim de proporcionar o alcance desejado.

Existem ainda outras classificações, onde os esguichos podem ser: de vazão constante ou vazão ajustável.

O esguicho de vazão constante é quando a vazão de lançamento é constante a uma determinada pressão, seja qual for o tipo de jato. Isto ocorre por meio da manutenção do diâmetro do orifício, que deve ser constante durante a regulagem do jato.

Já o esguicho de vazão ajustável permite a seleção da vazão manualmente e, ela se mantém constante, independentemente da forma do jato. Este esguicho possui um dispositivo seletor de vazão, normalmente graduado em galões por minuto (30 gpm, 60 gpm, 90 gpm, 120 gpm, etc.).

Há duas características que tornam os esguichos reguláveis mais seguros, se comparados com os não reguláveis:

 

  1. é possível a abertura e fechamento rápido, evitando-se um acidente durante eventual dificuldade de controle da linha e mangueira de incêndio;
  2. permitem o uso para jato pleno (ou cônico ou sólido) e neblina de 30º, de 60º e de 90º (cone de neblina total ou cone de proteção), possibilitando a proteção do operador por meio da barreira hidráulica, frente ao calor irradiado.

 

Em razão da possibilidade de formação de neblina, os esguichos reguláveis, também permitem o emprego de água na forma de spray em incêndios envolvendo líquidos ou gases combustíveis, de tal forma que a água apague o incêndio por meio de abafamento. Isto não é possível com o jato pleno, devido à revolução das chamas, tornado-se totalmente desaconselhável para tal emprego.

Quanto aos requisitos construtivos, todos os esguichos devem ser do tipo engate rápido, conforme definido na ABNT NBR 14349 e visto na Figura 2. Em caso de necessidade específica do consumidor, este pode solicitar diferentes tipos de acoplamento.

Figura 2 – Engate rápido/ Fonte: Google Images

 

O esguicho básico de jato regulável é constituído por: corpo, bocal, pino central, protetor do bocal, porca de travamento, anel o’ring e anel de vedação, conforme Figura 3.

Figura 3 – Detalhes construtivos de um esguicho básico de jato regulável/Fonte: ABNT NBR 14870-1:2013

 

Dos esguichos reguláveis, o básico é o mais utilizado no Brasil, sendo que o corpo, bocal e pino central devem ser de latão ou bronze. Vedações e protetor do bocal devem ser de borracha. Outros materiais podem ser aceitos, desde que tenham propriedades físico-químicas equivalentes. Os demais componentes devem ser protegidos contra corrosão.

Figura 4 – Esguicho regulável/Fonte: Instituto Sprinklers

Quanto ao acabamento, todas as superfícies devem ser isentas de depressões, rebarbas ou cantos vivos.

O esguicho deve ser fabricado de forma a facilitar o seu manuseio. O comprimento de empunhadura do bocal deve ser no mínimo de 80 mm. Sua superfície deve possuir ressaltos, recartilhados ou qualquer outra forma ou material que dificulte o deslizamento da mão do operador.

classificação de riscosO corpo do esguicho deve possuir quatro saliências, com altura e diâmetros compatíveis que permitam o acoplamento e desacoplamento por meio de chave de engate rápido. O comprimento de empunhadura do bocal e as saliências no corpo do esguicho podem ser vistos na Figura 5.

Figura 5 – Detalhe da empunhadura do esguicho regulável básico/Fonte: ABNT NBR 14870-1:2013

 

O sentido de rotação do esguicho deve ser no sentido horário, desde a posição de jato neblina (menor comprimento total admissível), até a posição de jato compacto ou fechado (maior comprimento total admissível), quando visto pela traseira do esguicho, conforme visto na Figura 6.

Figura 6 – Sentido de rotação/Fonte: ABNT NBR 14870-1:2013

 

O esguicho deve ser permanentemente identificado com as seguintes informações, utilizando figuras e letras com altura mínima de 2 mm:

  1. nome, logo ou fabricante; e
  2. pressão nominal (PN 10, PN 16, PN 20 ou PN 25).

A vazão de cada esguicho regulável básico varia de acordo com a seção e passagem da água. O gráfico demonstra como a vazão varia, numa mesma pressão dinâmica, conforme o tipo de jato e visto na Figura 7.

Figura 7 – Variação da pressão em função da vazão para o esguicho regulável Bucka, modelo Bucka 200, DN 40/Fonte: Instituto Sprinklers

Conforme o fabricante, as vazões e pressões são representadas por tabelas, tanto para os diâmetros DN 40 quanto para DN 65. A Figura 8 mostra uma tabela que foi adaptada do fabricante, cujas medidas estão no sistema inglês, para as unidades empregadas nos cálculos de sistemas de hidrantes.

Figura 8 – Dados de vazão (l/min) em função da pressão dinâmica no esguicho regulável Kidde modelo EBK (DN 40 e DN 65)/Fonte: Instituto Sprinklers

 

O esguicho automático de pressão constante possibilita que a pressão permaneça constante em grande amplitude de vazões, conforme visto na Figura 9. A pressão constante proporciona uma velocidade adequada para um bom alcance em várias vazões, o que é obtido por meio de um orifício auto ajustável no difusor, a fim de proporcionar o alcance desejado.

Este equipamento fornece vazão de 60 gpm a 125 gpm, ou seja de 230 l/min a 475 l/min.

Figura 9 – Esguicho automático marca Protek, modelo SC-311 /Fonte: Instituto Sprinklers

 

Os esguichos reguláveis de vazão constante não sofrem alteração quando o jato d’água é ajustado para diferentes posições, conforme visto na Figura 10. Cada modelo fornece uma determinada vazão de modo permanente, conforme exemplificado na Figura 11.

Figura 10 – Esguicho de vazão constante Argus, modelo VFB/Figura 10 – Esguicho de vazão constante Argus, modelo VFB

 

Figura 11 – Dados de vazão x Pressão do esguicho/Fonte: Instituto Sprinklers

Os esguichos reguláveis de vazão ajustável visto na Figura 12 permitem a seleção manual da vazão desejada. A regulagem de vazão é realizada por meio de um colar graduado com a vazão.

A vazão pode ser ajustada, por exemplo, no modelo SC-366, em 30 gpm, 60 gpm, 90 gpm ou 120 gpm (respectivamente, 115 l/min, 230 l/min, 360 l/min ou 475 l/min). Este tipo de esguicho também pode ser usado para a formação de espuma mecânica, contando com um adaptador.

Figura 12 – Esguicho de vazão ajustável marca Protek, modelo SC-366/Fonte: Instituto Sprinklers

Com exceção do esguicho regulável básico, a maioria dos demais modelos não possui custos mais elevados e são utilizados pelos Corpos de Bombeiros ou brigadas de emergência em áreas industriais ou locais com alta carga de incêndio. Para as instalações em geral o que se verifica é o uso do esguicho regulável.

Na aquisição de um esguicho de incêndio, é recomendável que o consumidor verifique a conformidade do produto com os requisitos da ABNT NBR 14870-1:2013. Para ter garantia que os esguichos atendam a norma citada, o consumidor deve adquirir esguichos com marca de conformidade emitida por um organismo de certificação nacional.

Embora os esguichos que atendem a ABNT NBR 14870-1 sejam projetados para combate a incêndios, não se pode esperar um desempenho adequado se as pressões e vazões não forem as recomendadas. Para os usuários que utilizarem seus esguichos em rede de hidrantes, recomenda-se verificar que a rede possa prover as necessárias vazão e pressão, no ponto de conexão do esguicho.

A resposta em serviço é uma responsabilidade primária do usuário. Convém que os esguichos em uso sejam operados e visualmente inspecionados, no mínimo uma vez por ano, quanto à sua capacidade operacional, como a seguir:

– conectar o esguicho a um hidrante com aproximadamente a sua pressão de referência;

– operar o esguicho nas posições de jato compacto e neblina;

– fechar totalmente; e

– repetir este ciclo várias vezes durante 2 min.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 14870-1: Esguicho para combate a incêndio – Parte 1 – Esguicho básico de jato regulável. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

SPRINKLERS, Instituto. Fundamentos de Segurança contra Incêndio em Edificações – Proteção Passiva e Ativa, Hidrantes e Mangotinhos, Cássio Roberto Armani, 215-244, São Paulo, 2019.

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