HS Servicos

Inspeção e Manutenção de Equipamentos e Instalações em Áreas Classificadas

INSTALAÇÕES EM ÁREAS CLASSIFICADAS

 

 

Autor: Teodorio Arão Santos de Oliveira

Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico

Telefone: (71) 99237-2739

 

Uma vez que as instalações elétricas em áreas classificadas possuem características específicas de projeto, a fim de torná-las adequadas para atmosferas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis, é essencial, por razões de segurança, durante toda a vida útil destas instalações, que seja preservada a integridade destas características específicas e dos tipos de proteção “Ex” dos equipamentos.

 

Neste sentido, as atividades de inspeção e manutenção de equipamentos e instalações “Ex” podem ser consideradas como sendo o “coração” de todo processo de gestão de segurança, de ativos “Ex”, de processos e de pessoas, relacionados com o tema segurança dos equipamentos e das instalações em atmosferas explosivas.

 

Somente por meio da aplicação periódica de inspeções das instalações, é possível evitar casos potenciais de riscos, de “desvios” ou de não conformidades. É nesta fase que se percebe os benefícios da utilização de equipamentos elétricos com tipos de proteção “Ex” mais “modernos”, por exemplo, os equipamentos intrinsecamente seguros, em relação aos “antigos” equipamentos com invólucros metálicos do tipo “à prova de explosão”, em especial aqueles com juntas flangeadas e entradas diretas de cabos. Equipamentos Ex “d” com invólucros metálicos requerem verificações de folga (interstícios) ou rugosidade das juntas flangeadas, que nem sempre são de simples aplicação pelas equipes de manutenção da instalação elétrica “Ex”.

 

Os equipamentos elétricos “Ex” instalados em atmosferas explosivas devem ser inspecionados, pelo menos, em intervalos de três anos, por pessoal devidamente treinado, qualificado ou certificado. Os resultados dos relatórios das inspeções devem ser arquivados no Prontuário das Instalações Elétricas da instalação ou unidade industrial.

 

Os eventuais “desvios” ou “não conformidades” encontradas nos equipamentos e instalações elétricas de campo devem ser corrigidos o mais rapidamente possível, de forma a evitar que os equipamentos com certificação “Ex” possam representar fontes de ignição devido aos “desvios” encontrados nas inspeções em áreas classificadas.

 

Os equipamentos elétricos “Ex” instalados em atmosferas explosivas devem ser mantidos em um estado de integridade de acordo com as suas especificações de instalação, de acordo com as normas técnicas vigentes na época. Isto não requer, normalmente, que os equipamentos “Ex” existentes atendam, em cada caso, os requisitos e especificações de instalação posteriores à época de sua construção, os quais podem ser diferentes ou “mais rigorosos”. Todos os equipamentos devem, porém, estar de acordo com as respectivas especificações e instruções de instalação elaboradas pelos fabricantes.

 

 

Da mesma forma, a execução dos serviços rotineiros de manutenção de equipamentos elétricos construídos de acordo com especificações que tenham sido alteradas pela normalização ou pelo fabricante não requer que estes equipamentos “Ex” sejam necessariamente substituídos ou modificados. Um pré-requisito para esta manutenção é que, após a execução dos serviços, com a utilização de peças sobressalentes originais, onde necessário, o equipamento “Ex” ainda corresponda e atenda a todas as especificações originais de fabricação, a fim de assegurar sua adequação para a área classificada do local da instalação.

 

Os procedimentos, requisitos e listas de verificação indicados na ABNT NBR IEC 60079-17 devem ser aplicados quando da execução de serviços de inspeção e manutenção de sistemas elétricos, de instrumentação, de automação ou de telecomunicações em atmosferas explosivas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis.

 

As etapas de inspeção e manutenção das instalações “Ex” podem ser consideradas um dos elos mais importantes na corrente de ações de segurança que englobam as instalações “Ex”, desde as etapas iniciais de projeto e de seleção dos equipamentos até os serviços de montagem e manutenção, passando pelo processo de avaliação de conformidade por meio da certificação dos equipamentos “Ex”, de empresas de serviços de projeto, montagem, inspeção, manutenção ou reparo e recuperação de equipamentos “Ex”, e de competências pessoais “Ex”.

 

As atividades de inspeções das instalações em atmosfera explosiva fazem com que as eventuais não conformidades existentes que forem detectadas possam ser prontamente tratadas e corrigidas, de forma a assegurar que os equipamentos “Ex” continuem apresentando suas funções e tipos de proteção para os quais foram fabricados e certificados.

 

Sob o ponto de vista de segurança das instalações industriais “Ex” e das pessoas que nelas trabalham, bem como da preservação da vida e do meio ambiente, ao longo do ciclo total de vida das instalações, a ABNT NBR IEC 60079-17 pode ser considerada como sendo uma das normas “Ex” mais importantes.

 

Isto se deve ao fato que a aplicação adequada e periódica desta norma, visa assegurar que as instalações industriais em atmosferas explosivas estejam continuamente de acordo com os requisitos de proteção proporcionados pelos equipamentos “Ex”, bem como estejam adequados aos agentes agressivos presentes no ambiente industrial, como poeira, sujeira, salinidade, ataques químicos corrosivos, bem como às influências externas para as instalações marítimas (como ventos, umidade, salinidade, água do mar, corrosão galvânica e corrosão atmosférica).

 

Os procedimentos, requisitos e listas de verificação adotada na ABNT NBR IEC 60079-17 devem ser aplicados quando da execução de serviços de inspeção e manutenção de sistemas elétricos, de instrumentação, de automação ou de telecomunicações em atmosferas explosivas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis.

 

É necessário manter uma rigorosa rotina periódica de inspeções “Ex”, com base em procedimentos normalizados, durante toda a vida útil das instalações. As inspeções periódicas visam detectar não conformidades e modificações de campo não autorizadas, de forma que estes “desvios” ou “incorreções” sejam corrigidos, mantendo as instalações “Ex” adequadas e seguras de acordo com os requisitos da ABNT NBR IEC 60079-17 e de acordo com os requisitos legais aplicáveis.

 

A ABNT NBR IEC 60079-17 apresenta três tipos de inspeções de equipamentos e instalações elétricas em áreas classificadas: inicial, periódica ou por amostragem, de acordo com os requisitos conforme Tabela 01.

 

 

As inspeções iniciais proporcionam uma avaliação dos equipamentos “Ex” com o objetivo de identificar se estes foram devidamente selecionados, com relação ao tipo de proteção, grupo de gás ou de poeira, classe de temperatura, temperatura máxima de superfície e EPL, bem como verificação completa, interna e externa, que eles foram devidamente instalados, de acordo com a ABNT NBR IEC 60079-14 e verificação do atendimento dos requisitos específicos de instalação (nos casos em que os respectivos certificados de conformidade possuam sufixo “X”) e dos requisitos dos fabricantes.

 

Além das inspeções, a ABNT NBR IEC 60079-17 define também os três graus de inspeção que podem ser aplicados nas inspeções que são feitas em áreas classificadas: visual, apurado e detalhado.

 

As inspeções visuais identificam, sem utilização de equipamentos de acesso ou ferramentas, defeitos que são evidentes visualmente, como, por exemplo, ausência de parafusos de fixação de tampas com juntas flangeadas, entradas de cabos não utilizadas sem tamponamento, equipamentos com invólucros abertos, quebrados ou sem aterramento, falta de unidades seladoras em invólucros do tipo “à prova de explosão” ou modificações não autorizadas, que sejam visivelmente aparentes.

 

As inspeções visuais representam as intervenções menos “invasivas” dos equipamentos e instalações em áreas classificadas. Estas inspeções são realizadas com os equipamentos “Ex” energizados e em operação, e não requerem que os equipamentos sejam desenergizados ou liberados, bem como não requerem a utilização de ferramentas especiais, permitindo que sejam encontrados desvios que são obviamente detectados pela verificação visual externa dos equipamentos “Ex”.

 

As inspeções apuradas englobam os aspectos cobertos pelas inspeções visuais e, além disso, identificam aqueles defeitos, como parafusos soltos, prensa-cabos que não apertam adequadamente o cabo, que somente são detectáveis pela utilização de equipamentos de acesso.

 

As inspeções apuradas são realizadas com requisitos adicionais àqueles utilizados nas inspeções visuais, sendo realizadas também com os equipamentos “Ex” energizados e em operação.

 

Estas inspeções apuradas permitem encontrar equipamentos com certificação “Ex” contendo “desvios” que não são detectados somente pela avaliação visual, e requerem a utilização de ferramentas, por exemplo, para verificar que os prensa-cabos ou parafusos de fixação das tampas dos invólucros “Ex” se encontram devidamente apertados.

 

As inspeções detalhadas verificam a existência de “desvios” que somente são visíveis com a abertura dos invólucros dos equipamentos “Ex”, com consulta aos documentos de projeto e utilizando instrumentos de testes. Somente podem ser executadas com os equipamentos desenergizados.

 

O grau de inspeção detalhado engloba aqueles aspectos cobertos pelas inspeções apuradas e, adicionalmente, identificam defeitos ou desvios como danos nas juntas e áreas de passagem de chama ou parafusos quebrados ou com roscas espanadas em invólucros metálicos do tipo “à prova de explosão”, bem como terminais sem aperto, que somente são detectáveis com a abertura do invólucro ou pela utilização, quando necessário, de ferramentas e equipamentos de ensaios. As inspeções do tipo “iniciais” de uma instalação nova devem ser executadas com grau detalhado.

 

https://www.hsserv.com.br/cursos/

 

As inspeções detalhadas são as inspeções mais completas que podem ser realizadas em equipamentos e instalações “Ex”. Esse tipo de inspeção é realizado com requisitos adicionais àqueles utilizados nas inspeções apuradas, sendo realizadas com equipamentos “Ex” desenergizados e fora de operação, incluindo a verificação externa e interna dos invólucros, inclusive a verificação dos dispositivos existentes no interior dos equipamentos “Ex”.

 

As inspeções detalhadas são capazes de encontrar equipamentos com certificação “Ex” que estejam instalados com gaxetas degradadas ou ressecadas, ou com terminais que estejam com conexões soltas ou corroídas, que podem causar mau contato, arcos, centelhas ou pontos quentes. Incluem também a verificação de juntas dos invólucros metálicos do tipo à prova de explosão com juntas flangeadas, com tampas fixadas por meio de parafusos, de forma a assegurar que as faces destas juntas estão livres de danos ou riscos ou sinais de corrosão, bem como da devida aplicação de graxa ou vaselina contra ingresso indevido de água, antes do fechamento dos invólucros, além de verificar o devido aperto de cada um dos diversos parafusos.

 

Ademais, as inspeções detalhadas realizam a verificação, dentre diversos outros requisitos, da devida selagem das unidades seladoras Ex “d”, do aperto dos prensa-cabos Ex “d”, do atendimento dos requisitos específicos de utilização (certificados com sufixo “X”) e da compatibilidade dos parâmetros de segurança intrínseca de cada circuito, incluindo barreira ou equipamento associado (Ex “i”), equipamento de campo Ex “i” e os cabos de interligação.

 

Toda inspeção inicial de uma instalação nova ou de uma instalação existente cujo equipamento “Ex” tenha sido temporariamente removido para serviços de manutenção preventiva (em bancada, por exemplo), e posteriormente reinstalados, deve ser do tipo detalhada. As inspeções detalhadas devem ser realizadas sempre que um equipamento “Ex” seja reparado ou recuperado, bem como nos equipamentos que tenham sido encontrados com algum tipo de desvio, como por exemplo, uma modificação não autorizada.

 

Uma inspeção detalhada deve ser realizada sempre que forem realizados serviços rotineiros de manutenção que envolva a abertura ou a desmontagem dos equipamentos “Ex”.

 

O grau das inspeções “Ex” bem como o intervalo entre inspeções deve considerar também:

 

  1. os resultados das inspeções anteriores;
  2. os fatores de agressividade do meio ambiente e as influências externas; e
  3. os tipos de equipamento “Ex” instalados e as recomendações dos fabricantes, contidas nos respectivos manuais de inspeção e manutenção.

 

As principais características dos três graus de inspeções de equipamentos e instalações Ex podem ser vistos na Tabela 02.

 

INSTALAÇÕES EM ÁREAS CLASSIFICADAS

 

A inspeção e manutenção das instalações devem ser realizadas somente por pessoal experiente, em cujos treinamentos tenham sido incluídas instruções sobre os princípios gerais de classificação de áreas, os vários tipos de proteção e práticas de instalação, as normas da empresa e os regulamentos legais aplicáveis para instalação. O pessoal deve ser submetido, de forma regular, a treinamentos ou educação continuada apropriada. Evidências das experiências e dos treinamentos alegados aplicáveis devem estar disponíveis.

 

As inspeções periódicas regulares requerem pessoal que:

 

  1. tenha conhecimento de classificação de áreas/EPL e conhecimento técnico suficiente para compreender suas implicações sobre os locais sob consideração;
  2. tenha conhecimento técnico e entendimento dos requisitos teóricos e práticos dos equipamentos elétricos utilizados naquelas áreas classificadas; e
  3. compreenda os requisitos de inspeções visual, apurada e detalhada, e como estas inspeções se relacionam com os equipamentos e instalações.

 

Uma observação a ser feita é que as competências e treinamentos podem ser identificados pelos treinamentos aplicáveis e estruturação das avaliações.

 

Tal pessoal de inspeção necessita possuir independência suficiente das demandas das atividades da manutenção, por exemplo, de modo a não prejudicar sua habilidade de relatar confiavelmente as não-conformidades encontradas na inspeção. Isto não significa que tal pessoa seja membro de uma organização externa independente.

 

Quando uma instalação contar com a presença freqüente de pessoas qualificadas no período normal de trabalho, elas:

 

  1. são conhecedoras do processo e das implicações ambientais sobre a deterioração dos equipamentos específicos na instalação; e
  2. realizam inspeções visuais e/ou apuradas como parte de sua programação normal de trabalho, bem como inspeções detalhadas de quaisquer substituições, reparos, modificações ou ajustes.

 

Então é possível dispensar inspeções periódicas regulares e utilizar a presença freqüente de pessoas qualificadas para assegurar a integridade contínua dos equipamentos.

 

A utilização de supervisão contínua realizada por pessoal qualificado não elimina o requisito para realização de inspeções inicial e por amostragem.

 

Supervisão contínua não é prática para equipamentos elétricos para os quais este tipo de supervisão não puder ser realizado (por exemplo, no caso de equipamentos móveis).

 

A frequência da assistência e das inspeções que tem como base a supervisão contínua deve ser determinada levando-se em consideração as condições ambientais específicas da instalação com relação à degradação esperada dos equipamentos, de sua utilização e da experiência.

 

A menos que a experiência indique o contrário, pode ser considerado que, se uma parte da instalação, que tenha um inventário significativo de equipamentos para áreas classificadas não for visitada mais do que uma vez por semana, seria inapropriada a sua inclusão como parte do conceito de supervisão contínua.

 

Quando o pessoal qualificado notar uma mudança nas condições ambientais (por exemplo, infiltração de solvente ou vibração crescente), os itens dos equipamentos para áreas classificadas que possam ser suscetíveis a estas mudanças devem ser verificados com mais frequência. Disto decorre também que o pessoal qualificado inspecione com menor freqüência os itens do equipamento que a experiência mostre que não são suscetíveis a alterações.

 

A condição geral de todos os equipamentos e ações corretivas apropriadas devem ser tomadas quando necessário. Contudo, precauções devem ser adotadas para manter a integridade dos tipos de proteção dos equipamentos. Esta ação pode requerer consultas ao fabricante.

 

A substituição de partes deve estar de acordo com a documentação de segurança. Modificações em equipamentos não devem ser realizadas sem autorização apropriada quando estas puderem afetar de forma adversa a segurança do equipamento como indicado na documentação de segurança.

 

Os reparos e recuperação dos equipamentos devem ser realizados de acordo com a ABNT NBR IEC 60079-19.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR IEC 60079-14: Atmosferas explosivas – Parte 14 – Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas. Rio de Janeiro: ABNT, 2016 Versão corrigida: 2018

__NBR IEC 60079-17: Atmosferas explosivas – Parte 17 – Inspeção e manutenção de instalações elétricas. Rio de Janeiro: ABNT, 2014 Versão corrigida: 2017.

__NBR IEC 60079-19: Atmosferas explosivas – Parte 19 – Reparo, revisão e recuperação de equipamentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

CARLETTI, Ricardo; BULGARELLI, Roberval; SILVA, Rogélio Gôngora da; RAUSCH, Sérgio Moises. Segurança de equipamentos e instalações elétricas em áreas classificadas, 2021.

 

https://www.hsserv.com.br/cursos/

Gostou do conteúdo? Compartilhe!

hs avcb ppci preço

Precisa aprovar seu AVCB ou Instalar Sistemas de Prevenção e Combate a Incêndio?

Entre em contato com nosso departamento técnico de engenharia para fazer seu orçamento de AVCB ou para instalação dos Sistemas de Prevenção e Combate a Incêndio do seu imovel.