HS Servicos

Mangueiras de incêndio

Autor: Teodorio Arão Santos de Oliveira

Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico

 

A mangueira de incêndio é um dos componentes do sistema de hidrantes e é um equipamento de combate a incêndio, constituído essencialmente por um duto flexível dotado de uniões.

Para o sistema de mangotinho é constituído de uma mangueira semirrígida e vem montado sobre um carretel.

As mangueiras de incêndio são fabricadas em comprimentos que variam entre 15 m a 30 m. O comprimento máximo de cada lance deve ser, preferencialmente, 15 m e não pode ser inferior a tal comprimento.

Além disso, de acordo com a NBR 11861:1998 estabelece as condições mínimas exigíveis para as mangueiras de diâmetros nominais de 40 mm ou 65 mm. No Brasil, portanto, as mangueiras de incêndio são fabricadas nestes diâmetros.

As extremidades são dotadas de juntas de união tipo “engate rápido” (ou “Storz”), conforme visto na Figura 1.

Mangueiras de incêndio
Figura 1 – Mangueira de incêndio tipo 1 com a junta de união tipo engate rápido/Fonte: Google Images

A mangueira de incêndio possui um tubo interno em borracha e um reforço têxtil em material sintético (poliéster), com o objetivo de resistir às variações de pressão, ação de intempéries, ação de produtos químicos e ações mecânicas.

Para riscos leves (por exemplo, edifícios residenciais), o tubo externo é constituído por apenas uma camada de reforço têxtil (poliéster), conforme visto na Figura 1. Para maior resistência à pressão é utilizada uma camada dupla de reforço têxtil.

Para riscos especiais, como indústrias químicas e petroquímicas, recomenda-se o emprego de mangueiras com uma camada protetora em borracha nitrílica para maior resistência à abrasão e produtos químicos.

O tubo interno de borracha é aderido ao tubo externo através de um processo de vulcanização.

As mangueiras são classificadas em tipo 1 a 5, conforme as características construtivas, a pressão de trabalho e aplicação no sistema, conforme Tabela 01.

 

Tabela 01. Classificação dos sistemas de hidrantes e mangotinhos

Fonte: Google Images

Tabela 01. Classificação dos sistemas de hidrantes e mangotinhos

A mangueira deve ser identificada com o nome e/ou marca do fabricante, número da norma (ABNT NBR 11861), conforme visto na Figura 2.

 

Figura 2 – Identificação da mangueira/Fonte: Google Images

Além da identificação deve ser feito o controle da mangueira, portanto deve ser realizada inspeção a cada 6 meses e manutenção a cada 12 meses de toda mangueira em uso. Recomenda-se maior frequência de inspeção para as mangueiras tipos 2, 3, 4 e 5 que estejam expostas a condições agressivas, tais como ambiente quente, úmido e/ou impregnado de produtos químicos e derivados de petróleo. O serviço de inspeção e manutenção deve ser realizado por empresa capacitada.

A edificação ou área de risco não pode ficar sem mangueiras durante o período de inspeção e manutenção, daí a necessidade de uma boa gestão para esse controle.

classificação de riscosToda mangueira deve receber uma identificação individual realizada por empresa capacitada, a partir da sua primeira manutenção. Esta identificação deve ser feita em local visível no corpo da mangueira próximo à extremidade ou na união com as seguintes informações mínimas: nome do executante, data do ensaio (mês/ano) e validade de 12 meses, conforme visto na Figura 3.

Figura 3 – Certificação do ensaio hidrostático/ Fonte: HS Serviços

 

A inspeção deve ser visual e dimensional verificando na mangueira:

  1. identificação na mangueira (fabricante, norma e tipo);
  2. relatório de ensaio da mangueira e respectiva validade;
  3. acoplamento das uniões (os flanges de engate devem girar livremente);
  4. anel de vedação da borracha, interno à luva da união, nos engates das uniões e adaptadores;
  5. comprimento da luva de união.

 

Se não houver a identificação de fabricante, norma e tipo, não emitir o relatório. Em caso de ter todas essas informações, os seguintes resultados e disposições são possíveis:

  1. se a mangueira for tipo 1 em instalação comercial ou industrial, no relatório deve constar: “A mangueira tipo 1 não é indicada para uso comercial ou industrial. A sua utilização nestes locais está em desacordo com a recomendação normativa. No caso de um acidente ou sinistro, o responsável ou proprietário está sujeito a responsabilidade civil e criminal, além de eventual problema de ressarcimento do seguro. Recomenda-se a sua substituição por no mínimo mangueira tipo 2.
  2. inexistência de relatório ou validade vencida: encaminhar para manutenção;
  3. dificuldade para acoplamento das uniões: encaminhar para manutenção;
  4. ausência de anel de vedação nos engates das uniões ou vedação que apresente ressecamento, fendilhamento ou corte: encaminhar para manutenção; e
  5. mangueira tipo 2 a 5, empatada com união de luva curta, no relatório deve constar:

 

“A união luva curta (luva de empatamento menor do que 40 mm) não é indicada para uso comercial ou industrial. A sua utilização nestes locais está em desacordo com a recomendação normativa. No caso de um acidente ou sinistro, o responsável ou proprietário está sujeito a responsabilidade civil e criminal, além de eventual problema de ressarcimento do seguro. Recomenda-se a sua substituição por união adequada conforme a ABNT NBR 14349:1999.

Após a inspeção devem ser registrados e armazenados todos os parâmetros observados que atestem ou não as condições de integridade física da mangueira.

Se forem constatadas na inspeção condições evidentes para as quais não haja possibilidade de reparo e ensaio hidrostático, a mangueira deve ser condenada. As mangueiras que forem reprovadas nos ensaios, sem a possibilidade de reparos previstos na ABNT NBR 12779:2009, devem receber a inscrição “CONDENADA”, próximo à união, nas duas extremidades e no meio, em cor contrastante com a mangueira, de forma indelével, com caracteres de 25 mm de altura.

A manutenção a ser realizada envolve o ensaio hidrostático, reparos, reempatação e limpeza.

O ensaio hidrostático a ser realizado na mangueira deve obedecer aos requisitos de pressão estabelecidos na Tabela 02.

Fonte: ABNT NBR 12779:2009

 

A realização do ensaio hidrostático na mangueira envolve o seguinte procedimento:

1º – Estender a mangueira sem torção, em linha reta sobre a bancada ou em qualquer outra forma geométrica, desde que com raio mínimo de curvatura de dez vezes o diâmetro nominal da mangueira, nas mudanças de direção;

2º – Acoplar uma das extremidades à válvula de suprimento de água. Na extremidade livre, acoplar um tampão de mesmo diâmetro com válvula de drenagem para controle da retirada de ar.

3º – Com a válvula de drenagem aberta, encher a mangueira com água, pressurizando-a gradualmente. Retirar todo o ar da mangueira levantando a extremidade da válvula de drenagem acima da bancada. Fechar a válvula de drenagem lentamente até atingir a pressão aproximada de 0,1 MPa. Verificar o comprimento da mangueira, através de trena ou gabarito na bancada, conforme Figura 4.

Figura 4 – Comprimento da mangueira/Fonte: ABNT NBR 12779:2009

 

Alguns cuidados devem ser realizados nesse passo do procedimento:

 

  1. Deve ser tomado cuidado para remover todo o ar da mangueira antes de fechar a válvula de drenagem. Se o ar permanecer na mangueira, isto proporcionará um risco potencial de acidente sério.
  2. Devem ser providenciados meios de segurança que evitem um possível “chicoteamento” da mangueira no caso de ruptura dela.
  3. Devem ser providenciados meios de segurança que evitem o arremessamento da união no caso de desempatamento.
  4. Somente o pessoal envolvido na execução do ensaio deve permanecer no local.

 

4º – Aumentar a pressão na razão de incremento de 2,1 MPa/min a 7,0 MPa/min até atingir a pressão indicada na Tabela 02, mantendo-a pressurizada por 1 min. Durante este período de estabilização, se houver queda de pressão, reincrementá-la com equipamento de pressurização. Após o período de estabilização, manter a pressão por 3 min sem o auxílio do equipamento de pressurização.

Como exemplo, aumentar a pressão de 0,1 MPa a 1,7 MPa, com a referida razão de incremento, significa que a pressão deve atingir o valor superior (1,7 MPa) dentro de um período compreendido entre 14 s e 45 s, conforme Tabela 03.

5º – Verificar a existência de vazamentos ao longo da mangueira. A torção final da mangueira deve ser à direita.

6º – Aliviar a pressão da mangueira.

7º – Realizar o escoamento da água contida na mangueira.

 

É permitido o ensaio hidrostático em campo, desde que respeitadas às condições descritas anteriormente. Para isto recomenda-se uma verificação na condição de segurança das pessoas presentes neste ensaio.

 

8 º – As mangueiras que forem reprovadas nos ensaios, sem possibilidade de reparos previstos na NBR 12779:2009, devem receber a inscrição “CONDENADA”, conforme visto anteriormente.

 

Quanto aos reparos devem ser realizados em mangueiras, uniões e vedação.

As mangueiras que apresentem vazamento nas proximidades das uniões podem ser reparadas. Se reparadas, deve ser utilizada a prática usual de corte e reempatação.

Uniões que apresentem deformações no engate, soltura do flange de engate em relação à luva de empatamento ou vazamento em partes metálicas devem ser substituídos por novas.

Caso ocorra vazamento pela vedação frontal de borracha (gaxeta), deve-se substituí-la por peça original.

A reempatação é a fixação da mangueira a união através de anel em cobre. Esse serviço se faz necessário caso haja vazamento em suas extremidades no teste hidrostático ou ainda se for percebido que anéis não estão bem prensados correndo o risco de escapar as uniões durante o uso.

O procedimento para a realização desse serviço procede da seguinte forma:

1º – Colocar o anel de expansão do fuso da máquina de empatar, com o lado chanfrado direcionado para o corpo da mangueira.

2º – Colocar a união de fuso.

3º – Acertar o corte da extremidade da mangueira perpendicularmente ao seu comprimento.

4º – Acionar o equipamento de empatação até atingir a pressão determinada.

5º – Retornar com o fuso de empatação para a posição de origem.

 

Quanto à limpeza da mangueira, se for realizada uma limpeza a seco, deve-se utilizar uma escova com cerdas não metálicas, longas e macias, e o escovamento deve ser executado cruzado, ou seja, no sentido da trama e do urdume.

Quando desejada uma lavagem, deve ser utilizada água e se necessário, sabão neutro e escova, com as características acima. Convém utilizar equipamento de alta pressão.

As mangueiras consideradas condenadas para uso devem ser substituídas por mangueiras novas de mesmo tipo, diâmetro e comprimento. Para efeito de dimensionamento de mangueira, consultar a ABNT NBR 11861:1998.

Após a manutenção deve ser emitido um relatório que comprove ou não a aprovação da mangueira. Quando realizadas, simultaneamente, a inspeção e a manutenção, podem ser emitidas um único relatório aprovando diversas mangueiras, desde que cada uma delas esteja relacionada no relatório.

O relatório deve ter como informações mínimas: identificação, fabricante, diâmetro, comprimento, tipo, inspeção ou manutenção, data de execução, data da próxima inspeção e/ou manutenção, nome e assinatura do responsável pela inspeção e/ou manutenção. No relatório deve constar:

 

“Declaramos que as mangueiras abaixo relacionadas foram inspecionadas e/ou manutenidas conforme ABNT NBR 12779 e que obtiveram aprovação ou condenação de acordo com o resultado apresentado. Este relatório deve ser mantido até a próxima inspeção/manutenção.

 

O usuário deve ser orientado pela empresa capacitada, por meio de informações a serem fornecidos junto com a mangueira, a manter os registros de inspeção e o último relatório de manutenção como documentos comprobatórios de aprovação da mangueira para uso em combate a incêndio.

A empresa capacitada deve fornecer ao usuário instruções que contenham os cuidados de preservação. Objetivando a preservação da mangueira durante o uso, devem ser observadas as recomendações abaixo:

  1. evitar contato com cantos vivos e pontiagudos;
  2. evitar manobras violentas de derivantes, entrada repentina de bomba e fechamento abrupto de esguichos, registros e hidrantes que causam golpes de aríete na linha (a pressão pode atingir sete vezes a pressão estática de trabalho, o que pode romper ou desempatar uma mangueira);
  3. evitar contato com o fogo, brasas e superfícies quentes;
  4. evitar arraste da mangueira e uniões sobre o piso, principalmente se ela estiver vazia ou com pressão muito baixa (isto pode causar furos, principalmente no vinco);
  5. evitar queda de uniões;
  6. evitar contato da mangueira com produtos químicos e derivados de petróleo, salvo tipo apropriado para esta finalidade;
  7. evitar guardar a mangueira molhada. As mangueiras são fabricadas com materiais sintéticos que não são afetados pela água ou pela presença de fungos (bolor), mas para evitar a proliferação destes organismos e odor desagradável, é recomendável fazer o escoamento da água após o uso ou ensaio hidrostático, antes de guardar a mangueira;
  8. evitar curvamento acentuado da mangueira junto à união, quando em operação;
  9. não utilizar as mangueiras para algum outro fim que não seja o combate a incêndio (lavagem de garagens, pátios etc.);
  10. para maior segurança, não utilizar as mangueiras das caixas ou abrigos em treinamento de brigadas, evitando danos e desgastes. As mangueiras utilizadas em treinamentos de brigadas devem ser identificadas e mantidas somente para este fim;
  11. evitar a passagem de veículos sobre a mangueira durante o uso, utilizando-se um dispositivo de passagem de nível;
  12. inspecionar as caixas e abrigos para verificar se eles são adequados para a conservação da mangueira;
  13. após a manutenção, retornar ao hidrante, a mangueira de mesmo tipo, diâmetro e comprimento, conforme projeto.
  14. a mangueira aprovada para uso deve ser armazenada em local ou compartimento seco e ventilado, protegida da incidência direta de raios solares e atmosferas agressivas, tais como vapores de derivados de petróleo, vapores ácidos etc.;
  15. antes de pressurizar a mangueira, verificar se as uniões acoplaram totalmente (cerca de um quarto de volta para uniões tipo engate rápido).

 

Para o emprego rápido, as mangueiras de incêndio devem ser acondicionadas nos respectivos abrigos na forma aduchada (Figura 5.a) ou em ziguezague. Outra forma prática é a que utiliza um suporte tipo rack (Figura 5.b).

Figura 5 – Formas de acondicionamento de mangueiras: aduchadas (a) e no rack (b)/Fonte: Instituto Sprinklers

 

Quando as mangueiras são acondicionadas em ziguezague, existem duas formas de fazê-la: ziguezague deitada e ziguezague em pé.

Na forma ziguezague deitada (Figura 6.a), a mangueira em forma de ziguezague deve ser apoiada por um de seus vincos sobre a superfície não abrasiva. Podem ser acoplados vários lances para formação de linha pronta.

Na forma de ziguezague em pé (Figura 6.b), a mangueira em forma de ziguezague deve ser posicionada na vertical sobre ela própria.

Figura 6 – Aduchamento de mangueira ziguezague: deitada (a) e em pé (b)/Fonte: ABNT NBR 12779:2009

 

Já as mangueiras de incêndio semirrígidas podem ser acondicionadas enroladas, com ou sem o uso de carretéis axiais ou em forma de oito, permitindo sua utilização com facilidade e rapidez, conforme visto na Figura 7.

Figura 7 – Mangotinhos enrolados em carretel fixo na parede e em forma de oito em dois suportes fixos de meia lua./Fonte: Google Images

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 11861: Mangueira de incêndio – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.

___NBR 12779:  Mangueiras de incêndio – Inspeção, manutenção e cuidados. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

___NBR 14349: União para mangueira de incêndio – Requisitos e métodos de ensaios. Rio de Janeiro: ABNT, 1999 Versão Corrigida: 1999.

SPRINKLERS, Instituto. Fundamentos de Segurança contra Incêndio em Edificações – Proteção Passiva e Ativa, Hidrantes e Mangotinhos, Cássio Roberto Armani, 215-244, São Paulo, 2019.

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