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SISTEMAS DE HIDRANTES E MANGOTINHOS

Autor: Teodorio Arão Santos de Oliveira

Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico

 

O sistema de hidrantes e mangotinhos é o meio de supressão contra o fogo a ser empregado quando os equipamentos de extintores portáteis ou sobre rodas não são suficientes, em razão do volume de incêndio. É caracterizado como um sistema fixo de incêndio que funciona sob comando e libera água sobre o foco de incêndio em vazão compatível ao risco do local que visa proteger, de forma a extingui-lo ou controlá-lo em seu estágio inicial.

Este sistema é projetado para ser utilizado pelas brigadas de incêndio no primeiro combate as chamas, e pelo Corpo de Bombeiros, por meio da pressurização da rede.

O sistema de hidrantes é composto basicamente por esguichos, válvula de hidrante (válvula de globo angular), mangueiras de incêndio, chaves de mangueiras (chave Storz), abrigos de mangueiras, tubulações e conexões, bomba centrífuga e reservatório.

O sistema de mangotinhos substitui os esguichos, mangueiras e abrigos de mangueiras por um carretel, conforme a norma ABNT NBR 16642:2019.

A fim de facilitar a compreensão do sistema de hidrantes e mangotinhos, os seus componentes estão descritos separadamente:

1. Esguicho de Incêndio

Os esguichos de incêndio são equipamentos acoplados às mangueiras de incêndio, destinados ao lançamento de água, proporcionando forma e direção ao jato de água, permitindo o combate adequado aos focos de incêndio. Eles podem ser classificados em reguláveis (neblina ou compacto) ou de jato compacto.

O esguicho regulável é um dispositivo que permite o controle de abertura e fechamento da passagem da água, além do tipo de jato que pode variar desde o jato compacto até a neblina de 30º, neblina de 60º (ou chuveiro) ou neblina de 90º (neblina total), conforme visto na Figura 1.a

Já o esguicho de jato compacto, também conhecido como agulheta ou cônico é encontrado em diversas edificações existentes ou nas edificações novas, onde a legislação estadual (IT 22/2019 – São Paulo) permite seu emprego. Trata-se do modelo mais antigo de esguicho de combate a incêndio, constituindo-se praticamente de um tubo, possibilitando apenas jato cônico ou jato compacto ou ainda jato sólido. Portanto a sua utilização fica limitada a incêndios classe A, onde é necessário um jato com maior penetração, conforme Figura 1.b.

Figura 1 – Tipos de esguicho: regulável (a) e agulheta ou cônico (b)/Fonte: Google Images

 

2. Mangueiras de Incêndio

A mangueira de incêndio é o equipamento de combate a incêndio, constituído essencialmente por um duto flexível dotado de uniões, conforme a norma ABNT NBR 11861:1998.

As mangueiras de incêndio fabricadas no Brasil possuem diâmetros nominais de 40 mm ou 65 mm, no mínimo. Porém as mangueiras de alta vazão fabricadas no exterior são fabricadas com diâmetro DN 75 a DN 150.

Na prática, elas são fabricadas em comprimento que variam entre 15 m a 30 m. Porém, o comprimento máximo de cada lance, deve ser, preferencialmente, 15 m e não pode ser inferior a tal comprimento, conforme a norma ABNT NBR 13714:2000.

As extremidades são dotadas de juntas de união do tipo “engate rápido” (ou “Storz”) conforme visto na Figura 2.

Figura 2 – “Engate rápido” ou Storz/Fonte: Instituto Sprinklers

As mangueiras de incêndio são classificadas de 1 a 5, conforme as características construtivas e a pressão de trabalho, conforme Figura 3.

Figura 3 – Tipo e aplicação da mangueira de incêndio/ Fonte: ABNT NBR 11861:1998

 

Além da definição da mangueira de incêndio, a tipificação da mangueira define a classificação do sistema. De acordo com a IT 22/2019 (São Paulo), o sistema de mangotinhos é classificado por tipo 1, já os hidrantes são tipo 2, tipo 3, tipo 4 e tipo 5.

As mangueiras de incêndio normalmente vêm do fabricante na forma “espiral”, a qual não deve ser utilizada tendo em vista que o lançamento causa danos na junta de união. Quando a mangueira é lançada, a junta de união colide contra o piso.

Para o emprego rápido, as mangueiras de incêndio devem ser acondicionadas nos respectivos abrigos na forma aduchada (Figura 4.a) ou em ziguezague. Outra forma prática é a que utiliza um suporte tipo rack (Figura 4.b). Já as mangueiras de incêndio semirrígidas podem ser acondicionadas enroladas, com ou sem o uso de carretéis axiais ou em forma de oito, permitindo sua utilização com facilidade e rapidez, conforme visto na Figura 5.

Figura 4 – Formas de acondicionamento de mangueiras: aduchadas (a) e no rack (b)/Fonte: Instituto Sprinklers

 

Figura 5 – Mangotinhos enrolados em carretel fixo na parede e em forma de oito em dois suportes fixos de meia lua./Fonte: Google Images

3. Chaves de mangueira (Chave Storz)

As chaves de mangueira são equipamentos fabricados em ligas metálicas, tais como latão ou bronze, destinados a facilitar o acoplamento e desacoplamento das juntas de união das mangueiras de incêndio com as válvulas de hidrantes (válvulas de globo angulares) ou com esguichos ou entre lances de mangueira, denominado chave Storz, conforme visto na Figura 6.

 

Figura 6 – Chave de mangueira (Chave Storz)/Fonte: Instituto Sprinklers

 

4. Abrigos de mangueira

Os abrigos são armários construídos em materiais diversos, tais como: metal, fibra de vidro, madeira, alvenaria, vidro ou, ainda, a combinação destes, servindo para guardar as mangueiras de incêndio, esguichos e chaves de mangueira (chaves Storz). As válvulas de hidrantes (válvulas de globo angulares) podem estar no seu interior ou nas proximidades. No seu interior não é permitido o armazenamento de quaisquer materiais, que não sejam os citados anteriormente.

Os armários podem ser instalados sobrepostos às paredes ou embutidos na alvenaria. Eles não podem ser localizados em rotas de fuga, patamares de escadas simples ou interiores de escadas de segurança, uma vez que pode ocorrer a obstrução da passagem dos usuários das edificações.

Os abrigos de mangueira devem ser pintados na cor vermelha, conforme a norma ABNT NBR 16820:2021, conforme Figura 7.

Figura 7 – Modelo de abrigo de mangueiras de sobrepor/Fonte: Instituto Sprinklers

 

Ainda não existe uma padronização de dimensões ou formas para os abrigos de mangueiras, porém, a Figura 8 mostra sugestões de dimensões de armário, de acordo com o número de mangueiras, diâmetros e comprimentos.

Figura 8 – Exemplo de dimensões de abrigos de mangueiras/Fonte: Instituto Sprinklers

5. Mangotinhos

O mangotinho ou conjunto de mangueira semirrígida de incêndio é definido como o equipamento de combate a incêndio constituído de mangueira, esguicho regulável, válvula e carretel, conforme descrito na ABNT NBR 16642:2019.

O conjunto é constituído de uma mangueira semirrígida com diâmetro nominal de 25 mm (1”), acondicionada em carretel axial, que pode ser instalado no interior de um abrigo, conforme visto na Figura 9, ou junto à tubulação de recalque aparente.

Figura 9 – Conjunto de mangotinho com carretel e esguicho regulável DN 25/Fonte: Instituto Sprinklers

 

O conjunto do mangotinho deve ser dotado de um esguicho regulável de diâmetro DN 25 já previamente conectado, o que torna o manuseio simples e rápido, com excelente controle do jato de água. Trata-se de um equipamento que favorece um rápido ataque inicial, pois sua mangueira é semirrígida, muito semelhante àquela empregada na irrigação. Desta forma, não é necessário desenrolar toda a mangueira semirrígida para poder empregá-la e o manuseio é muito simples.

O sistema de mangotinhos (tipo 1) pode substituir o sistema de hidrantes para as ocupações de riscos leves, por exemplo, edifícios de ocupação residencial, conforme descrito na ABNT NBR 11861:1998 e IT 22/2019 (São Paulo). De acordo com a ABNT NBR 13714:2000, as edificações estabelecidas para serem protegidas por sistema tipo 1 (mangotinhos) podem opcionalmente ser protegidas por um sistema alternativo de hidrante caracterizado pelo mangotinho.

O mangotinho é um equipamento que trabalha com baixa vazão, ou seja, na faixa de 100 l/min a 150 l/min e requer uma pressão nominal de 5 kgf/cm² a 6 kgf/cm², conforme descrito pelo fabricante e visto na Figura 10.

Figura 10 – Dados sobre vazão e pressão para o Mangotinho modelo 1SW/ Fonte: Instituto Sprinklers

6. Válvulas

As válvulas são equipamentos destinados a abrir, fechar ou regular a passagem de água pelas tubulações. Existem diversos tipos de válvulas utilizadas para o sistema de hidrantes e de mangotinhos e é necessário saber qual delas é adequada para cada função no sistema, são elas: válvula de hidrante (válvula de globo angular), válvula gaveta, válvula esfera e válvula de retenção (portinhola ou plugue).

A válvula de hidrante, também chamada de válvula de globo angular, é uma válvula de fecho, instalada em instalações hidráulicas de combate a incêndio junto ao ponto de utilização, para condução de água destinada ao combate e controle de incêndios, conforme descrito na ABNT NBR 16021:2011.

No interior dessa válvula há um disco de vedação que assenta em uma sede, o qual ao ser acionado se desloca, fechando ou abrindo totalmente a passagem de água, conforme visto na Figura 11.a e 11.b. A válvula de hidrante deve possuir um adaptador do tipo rosca fêmea x engate rápido, para a conexão das mangueiras de incêndio.

Figura 11 – Sistema de vedação (a) e válvula de globo angular (b)/Fonte: Instituto Sprinklers

 

A válvula gaveta possui uma cunha ou gaveta que, quando fechada, atravessa a tubulação e, quando aberta, recolhe-se a uma campânula, conforme Figura 12. A perda de carga nesta válvula é muito pequena e ela deve funcionar em apenas uma posição (fechada ou aberta). Para o sistema de hidrantes, estas válvulas são instaladas no trecho de sucção, entre o reservatório e a bomba de incêndio; no trecho de recalque, entre a bomba de incêndio e os hidrantes. Portanto, esse tipo de válvula deve permanecer normalmente aberta (NA), conforme ABNT NBR 13714:2000.

Figura 12 – Sistema de abertura e fechamento da válvula gaveta (a) e modelo da válvula gaveta (b)/Fonte: Instituto Sprinklers

 

A válvula esfera, também conhecida como cilíndrica ou rotativa, é um tipo de válvula que possui um dispositivo cilíndrico com um eixo rotativo perpendicular ao eixo do tubo. Ela serve para redes com grandes pressões e grandes diâmetros. Ela deve trabalhar na posição permanentemente fechada, não servindo para controlar a vazão de água.

Essa válvula possui abertura ou fechamento geralmente obtido com um quarto de volta da haste de manobra, o que permite uma abertura ou fechamento rápido, conforme Figura 13. Assim, o seu emprego só é permitido no uso com o conjunto de mangueira semirrígida, desde que seja uma válvula esfera de passagem plena, conforme ABNT NBR 13714:2000.

Figura 13 – Exemplos de válvula esfera/Fonte: Instituto Sprinklers

 

A válvula de retenção é um dispositivo que permite o fluxo da água de forma unidirecional e deve ser instalada na saída do reservatório e na saída da bomba de incêndio, de modo que, em caso de pressurização da rede por meio de veículos de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros, a água não escoe indevidamente para o interior da bomba de incêndio nem para o reservatório. A válvula de retenção é de dois tipos: portinhola e disco (plugue).

A válvula é denominada portinhola, pois significa que abre em apenas um sentido do fluxo d’água e pode ser instalada na posição horizontal ou vertical, conforme visto na Figura 14.

Figura 14 – Válvula de retenção/Fonte: Instituto Sprinklers

 

A válvula do tipo disco ou plugue possui uma haste interna que sobe ou desce, conforme a passagem da água. Ela é muito empregada como válvula de pé e crivo no trecho de sucção, mantendo a bomba escorvada, conforme visto na Figura 15. O risco, neste caso, é a passagem de algum detrito que impeça a haste de vedar o assento. Assim, o trecho de sucção ficaria sem água, o que provocaria a cavitação da bomba centrífuga.

Figura 15 – Válvula do tipo disco: válvula de retenção (a) e válvula de pé e crivo/Fonte: Instituto Sprinklers

 

7. Tubulações e conexões

O conjunto de tubulações e conexões destina-se à condução de água nos trechos de sucção e de recalque, de modo que a água esteja disponível em todas as válvulas de hidrantes e mangotinhos.

As tubulações e conexões deste sistema devem ser metálicas (aço carbono preto, aço galvanizado, cobre ou ferro fundido), podendo ser enterradas, embutidas em alvenaria ou aparentes.

Os tubos e conexões de materiais termoplásticos podem ser utilizados, desde que nas áreas externas das edificações e que estejam enterrados a 0,50m de profundidade.

As colunas de hidrantes devem possuir resistência à pressão de 18 kgf/cm² e o diâmetro mínimo DN 65, sendo empregados diâmetros maiores (DN 75, DN 100, DN 125, DN 150 e DN 200)

As conexões podem ser soldadas (Figura 16.a), rosqueadas, com acoplamento por pressão (Figura 16.b), com acoplamento tipo grooved e sistema de conexão ranhurado (Figura 16.c), este último caracterizado pela facilidade e agilidade no processo de conexão entre tubos e singularidades.

Figura 16 – Formas de conexões: soldadas (a), acoplamento por pressão (b) e sistema de conexão ranhurado/Fonte: Instituto Sprinklers

 

As tubulações de incêndio aparentes devem ser pintadas na cor vermelha, segundo a NBR 13714 (2000). No entanto, de acordo com a legislação estadual de São Paulo, a IT 22/2019 descreve que há casos em que se permite a tubulação aparente pintada em outras cores, desde que identificada com anéis vermelhos de 0,20 metros de largura, dispostos, no máximo, a cada 5 metros.

classificação de riscos

Esta exceção sobre a identificação da tubulação não é válida para as instalações em riscos industriais, depósitos, túneis, tanques e parques de tanques, centrais de comunicações, fabricação e comércio de explosivos etc.

8. Bombas de incêndio

As bombas de incêndio são bombas de deslocamento não positivo, ou seja, quando o fluxo do fluido é contínuo e elas são destinadas a fornecer mais vazão e menos altura manométrica. Geralmente essas bombas são centrífugas e podem ser radial, helicoidal, diagonal-axial.

A bomba centrífuga radial recebe este nome devido ao princípio de funcionamento, ou seja, a água entra axialmente no rotor, passa pelos canais formados por pás de curvaturas simples, que não provocam a rotação da partícula de fluido, e é expulso do rotor na direção do raio. A bomba centrífuga radial pode ser mancal ou monobloco (Figura 17.a), vertical “in line” (Figura 17.b) ou vertical (Figura 17.c).

Figura 17 – Bomba radial: monobloco (a), vertical “in line” (b) e vertical (c)/Fonte: Instituto Sprinklers

 

As bombas de incêndio são dotadas de motor elétrico ou à explosão. Elas são necessárias para fornecer a altura manométrica total, suficiente para vencer as perdas de carga do sistema e para suprir o conjunto de hidrantes ou de mangotinhos com as vazões necessárias.

A bomba de incêndio deve ser posicionada, em relação à tubulação, de modo que ela possua à montante uma válvula de paragem, e à jusante uma válvula de retenção e outra de paragem.

Para as instalações com reservatório elevado é obrigatória a previsão de um “by pass”, ou seja, um caminho alternativo para a água, se a bomba de incêndio não funcionar (por exemplo: falta de energia da rede elétrica da concessionária ou necessidade de manutenção da bomba ou de seu motor). Apesar de não ser mantida uma altura manométrica ideal, ainda assim haverá água nos hidrantes por ação da gravidade.

Conforme já ressaltado, a bomba de incêndio pode possuir o motor elétrico ou à explosão. No caso do motor à explosão (Figura 18) é importante observar o tipo de recipiente, o volume e a localização de um tanque de óleo diesel para manter o funcionamento da bomba de incêndio, além da descarga de gases provenientes da combustão para uma área ventilada.

Figura 18 – Bomba centrífuga com motor à explosão/Fonte: Instituto Sprinklers

 

Se, a bomba possuir um motor elétrico, a ligação elétrica deve ser independente da rede geral da edificação, de forma que, mesmo em caso de incêndio, a energia elétrica seja desligada e a bomba continue a funcionar normalmente, conforme visto na Figura 19. É recomendável a existência de uma fonte alternativa de energia (gerador). Ela passa a ser exigida pela legislação estadual para determinados riscos, tais como as áreas de armazenamento de líquidos ou gases combustíveis ou por força de regras de companhias seguradoras para demais ocupações.

Figura 19 – Detalhe da ligação elétrica da bomba de incêndio/Fonte: IT 22/2019 (São Paulo)

 

O acionamento das bombas de incêndio por motor elétrico pode ser manual ou automático.

O sistema de acionamento manual pode ser utilizado por meio de botoeiras do tipo “liga-desliga” para as instalações em que há um reservatório elevado, sendo que apenas os hidrantes mais próximos do reservatório necessitam do auxílio de uma bomba de incêndio para ter a vazão e a pressão necessárias em determinados hidrantes. Outra circunstância é para sistemas, ainda que o reservatório seja enterrado, em que o número de hidrantes a serem pressurizados seja pequeno. Para este tipo de acionamento a IT 22/2019 (São Paulo) estabelece um número máximo de 6 hidrantes.

O acionamento automático pode ser realizado por meio de chave de fluxo instalada junto do barrilete para as instalações com o reservatório elevado. A chave de fluxo é um dispositivo que funciona quando ocorre a passagem da água, ao abrir qualquer um dos hidrantes, ocorrendo a partida do motor acoplado à bomba.

Outra forma de acionamento da bomba de incêndio, tanto para os reservatórios elevados quanto os subterrâneos, é o emprego de pressostato, o qual detecta qualquer queda de pressão interna da rede de tubulações, quando uma válvula de globo angular é aberta. O pressostato envia um comando para um painel da bomba de incêndio, que aciona o motor.

O circuito da bomba de incêndio necessita estar separado de outros circuitos e, se a fiação elétrica da bomba de incêndio estiver no interior de eletrodutos aparentes, eles devem ser metálicos.

Independentemente do tipo de motor (elétrico ou à explosão), a bomba de incêndio necessita ter um ponto de acionamento manual, de forma alternativa.

Nas edificações destinadas a produção, manipulação, armazenamento, transferência, e distribuição de gases e líquidos inflamáveis ou combustíveis, deve ser prevista a instalação de duas bombas de incêndio principais: uma acoplada a motor elétrico e outra acoplada a um motor à combustão interna.

As bombas de incêndio devem ser instaladas em condição de sucção positiva, ou seja, devem estar sempre afogadas. Excepcionalmente é aceita a instalação acima do reservatório, caso a bomba de incêndio possua um tanque de escorva (100 litros), mantendo a voluta cheia de água, por meio de uma tubulação com diâmetro mínimo DN 19.

As bombas de incêndio devem ser exclusivas para os sistemas de hidrantes e mangotinhos e sua instalação devem ser em local que forneça proteção contra intempéries, agentes químicos, fogo ou umidade e danos mecânicos. A casa de bombas deve possuir dimensões tais que permitam o acesso ao redor de toda a bomba para fins de manutenção e no compartimento de instalação de bombas de incêndio.

 

9. Reservatórios

Os reservatórios de incêndio são compartimentos, onde a reserva técnica de incêndio é armazenada, ou seja, o volume mínimo de água para permitir o combate ao fogo.

Eles podem ser classificados, quanto ao material construtivo, em: concreto, metálico, fibra sintética ou outros materiais, desde que garantidas a resistência ao fogo, mecânica e a intempéries. Em sendo um reservatório de material termoplástico, deve ser envolvido por paredes e laje resistente ao fogo por, no mínimo, duas horas.

Quanto à localização, podem ser classificados em: elevado, ao nível do solo ou subterrâneo.

A posição elevada tem a vantagem de que, mesmo com a falta de energia elétrica distribuída pela concessionária, é possível manter o abastecimento de água de todos os hidrantes. Outra vantagem do reservatório elevado é que ele pode ter altura suficiente para as vazões e pressões mínimas requeridas para os 2 hidrantes mais desfavoráveis simultaneamente. Em caso de não atender as vazões e pressões mínimas para os hidrantes citados, é necessário instalar uma bomba de reforço.

O volume de água destinada ao sistema de hidrantes pode ser conjugado com aquele destinado à água de consumo da edificação. Contudo, é fundamental que, em se tratando de um reservatório conjugado, seja assegurada a reserva técnica de incêndio. Para tanto, é necessário atentar para os seguintes aspectos: somar o volume de água da reserva de incêndio ao volume de água de consumo e assegurar que a tomada de água da reserva de consumo esteja acima do volume destinado a combate a incêndio (a tubulação de sucção para a bomba de incêndio sai do fundo do reservatório).

Para qualquer tipo de reservatório (elevado, subterrâneo ou ao nível do solo) deve existir uma subdivisão em células, de modo, que seja possível a limpeza ou a manutenção sem a interrupção do fornecimento de, pelo menos, 50% da reserva de incêndio.

O barrilete de distribuição com a extremidade do tubo acima do fundo do reservatório assegura a citada reserva de água para incêndio e alimenta as colunas de descida da água, das quais derivam os ramais e sub-ramais de água fria. Outra tubulação, saindo do fundo de cada célula do reservatório superior, alimenta as colunas de hidrante que, em cada pavimento, serve as válvulas de globo angulares. Esta coluna de hidrante ao atingir o teto do subsolo ou o pavimento térreo, se não existir subsolo, prolonga-se ao dispositivo de recalque.

A instalação de válvula de retenção na saída da tubulação do reservatório é importante, pois, quando da chegada do Corpo de Bombeiros, as equipes utilizam a tubulação de incêndio para pressurizar a água oriunda dos veículos de combate a incêndio. Se não for prevista uma válvula de retenção na saída do reservatório, parte da água pressurizada pelo veículo de combate a incêndio acaba sendo extravasada no reservatório.

O mesmo cuidado deve ser tomado nas saídas das bombas de incêndio da edificação, pois se estiver sendo empregada durante um incêndio e o Corpo de Bombeiros passar a recalcar água na rede, provavelmente ocorrerá um golpe de aríete na bomba.

A reserva técnica de incêndio também pode ser constituída de fontes naturais como: rios, lagos, açudes e mar. Estas fontes somente são aceitas se forem perenes e estabelece que as bombas tenham uma câmara de sucção. A câmara de sucção é o compartimento onde fica depositada a água da fonte natural antes da tubulação de sucção da bomba e é separada do manancial através de uma grade para impedir a passagem de impurezas que possam destruir os impulsores da bomba.

Em comum ao sistema de hidrantes e mangotinhos, todos os sistemas devem ser dotados de dispositivo de recalque, para uso do Corpo de Bombeiros Militar, consistindo de um prolongamento de mesmo diâmetro da tubulação principal, cujos engates sejam compatíveis com os usados pela corporação.

O dispositivo de recalque deve ser instalado na fachada principal da edificação, ou no muro da divisa com a rua, com a introdução voltada para a rua e para baixo em um ângulo de 45º e a uma altura entre 0,60 m e 1,50 m em relação ao passeio da propriedade, conforme visto na Figura 20. A localização do dispositivo de recalque sempre deve permitir aproximação da viatura apropriada para o recalque a partir do logradouro público, para o livre acesso dos bombeiros.

Figura 20– Dispositivo de recalque no passeio público/ Fonte: IT 22/2016 (Bahia)

 

A distribuição dos hidrantes e mangotinhos devem ser posicionadas nas proximidades das portas externas, escadas e/ou acesso principal a ser protegido, a não mais de 5 m. Em posições centrais nas áreas protegidas deve atender o item citado anteriormente. Além disso, devem ser posicionados fora das escadas ou antecâmaras e estar de 1,0 m a 1,5 m do piso acabado.

A utilização do sistema não deve comprometer a fuga dos ocupantes da edificação, portanto, deve ser projetado de tal forma que dê a proteção em toda a edificação, sem que haja a necessidade de adentrar às escadas, antecâmaras ou outros locais determinados exclusivamente para servirem de rota de fuga dos ocupantes.

Após a instalação do sistema, toda a tubulação deve receber uma lavagem interna, para remoção de detritos, para garantir a aceitação do sistema.

É obrigatório submeter o sistema da edificação à manutenção preventiva periódica, de modo a assegurar que o sistema esteja constantemente em condições ideais de funcionamento.

O responsável pelo sistema deve produzir o relatório de vistoria periódica do sistema, assinando-o juntamente com o responsável operacional da área protegida pelo sistema. Todas as ocorrências de manutenção corretiva também devem ser relatadas e anexadas aos relatórios de vistoria e manutenção do mesmo período.

O plano de manutenção é o roteiro de inspeção e verificações a que deve ser submetido o sistema, destinado a garantir a melhor preservação de todos os componentes da instalação, constando também as providências a serem tomadas para execução da manutenção preventiva naqueles componentes que, sabidamente, estão sujeitos a apresentar problemas de funcionamento.

O plano prevê as tarefas que a Brigada tem que executar, de forma que seja mínima a possibilidade de ocorrer alguma falha de qualquer dos componentes do sistema da edificação, uma vez colocado em funcionamento. O tempo necessário para execução de um plano é dependente da característica dos componentes utilizados na execução das instalações, das atividades necessárias de cada componente para que se garanta a sua preservação e dos prazos mínimos para manutenção preventiva dos materiais e equipamentos instalados, assim como da corretiva, não devendo ultrapassar o prazo máximo de um ano.

O plano de manutenção visa garantir que:

  1. todas as válvulas de globo angulares e de abertura rápida tenham sido abertas totalmente, de forma normal e manualmente, e, ao serem fechadas, tenha sido verificada a vedação completa, garantindo o bom estado do corpo da válvula com relação à corrosão;
  2. todas as válvulas de controle seccional tenham sido manobradas sem nenhuma anormalidade, inclusive com relação a vazamentos no corpo, castelo ou juntas;
  3. todas as mangueiras de incêndio tenham sido inspecionadas, mantidas e acondicionadas conforme a NBR 12779;
  4. todos os esguichos tenham sido usados e sua capacidade de manobra verificada;
  5. a integridade física dos abrigos tenha sido garantida;
  6. todas as tubulações estejam pintadas sem qualquer dano, inclusive quanto aos suportes empregados;
  7. a sinalização utilizada nos pontos de hidrantes e/ou mangotinhos esteja conforme o especificado;
  8. os dispositivos de controle de pressão usados no interior das tubulações tenham sido verificados quanto à sua eficácia e funcionamento.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 11861: Mangueira de incêndio – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.

___NBR 12779:  Mangueiras de incêndio – Inspeção, manutenção e cuidados. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

___ NBR 13714: Sistemas de hidrantes e mangotinhos para combate a incêndio, Rio de Janeiro: ABNT, 2000.

___ NBR 14870-1: Esguicho para combate a incêndio – Parte 1: Esguicho básico de jato regulável, Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

___ NBR 16021: Esguicho para combate a incêndio – Parte 1: Esguicho básico de jato regulável, Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

___ NBR 16642: Conjunto de mangueira semirrígida e acessórios para combate a incêndio, Rio de Janeiro: ABNT, 2019.

___ NBR 16021: Esguicho para combate a incêndio – Parte 1: Esguicho básico de jato regulável, Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

___ NBR 16704: Conjunto de bombas estacionárias para sistemas automáticos de proteção contra incêndios, Rio de Janeiro: ABNT, 2019 Versão Corrigida: 2020.

BAHIA, Corpo de Bombeiros, Instrução Técnica nº 22: Sistemas de hidrantes e mangotinhos para combate à incêndio, 2016.

SÃO PAULO, Corpo de Bombeiros, Instrução Técnica nº 22: Sistemas de hidrantes e mangotinhos para combate à incêndio, 2019.

SPRINKLERS, Instituto. Fundamentos de Segurança contra Incêndio em Edificações – Proteção Passiva e Ativa, Hidrantes e Mangotinhos, Cássio Roberto Armani, 215-244, São Paulo, 2019.

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